Um estudo recente revelou mais um benefício desse hábito: ele ajuda a evitar muitas mortes infantis no mundo.
Os números são impressionantes: a ingestão exclusiva de leite materno até os seis meses de idade pode impedir o falecimento de 800 mil crianças no planeta por ano, o que corresponde a 13% dos casos mortais em habitantes com menos de 2 anos. Ela também ajudaria a prevenir 1/3 das infecções respiratórias e metade dos casos de diarreia infantil nos países de média e baixa renda e tudo isso poderia gerar uma economia de US$ 300 bilhões por ano em todo o mundo e R$ 24 milhões no Brasil, graças à redução dos custos de tratamentos de doenças comuns na infância, como diarreia e asma. Esses foram os dados apresentados por um estudo publicado recentemente no The Lancet, uma das publicações médicas mais importantes e respeitadas, que foi liderada por um cientista da Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul, e foi considerada a maior análise mundial sobre o tema. Ele coordenou uma equipe de 30 pesquisadores espalhados pelo planeta durante dois anos que analisou mais de mil artigos relacionados ao assunto e concluiu que nos países mais ricos uma em cada cinco crianças mama no peito até os 12 meses, o que reduz em um terço as taxas de mortalidade infantil. Já nos de baixa e média renda, nos quais o Brasil está incluído, somente uma em cada três crianças é amamentada até os seis meses.
O trabalho mostrou ainda que as mães também saem ganhando quando os seus filhos mamam, pois a prática pode prevenir 20 mil mortes por câncer de mama. Isso porque ela altera uma série de hormônios que estão ligados a essa doença e aos tumores de ovário. Além de acrescentar mais um item à lista de benefícios da amamentação, a pesquisa mostrou que ela evita mortes, aumenta a qualidade de vida e reduz gastos financeiros em países ricos e pobres e que as políticas públicas são imprescindíveis para alavancar esse índice e elas têm surtido muito efeito: em 1974 as crianças brasileiras eram amamentadas em média por 2,5 meses. Em 2006 esse número pulou para 14 meses, o que foi provocado por uma combinação de iniciativas com esse objetivo.
Referência:
Victora C G, Bahl R, Barros A J D, França G V A, Horton S, Krasevec J, Murch S, Sankar J, Walker N, Rollins NC; Breastfeeding in the 21st century: epidemiology, mechanisms, and lifelong effect, The Lancet, January, volume 387.
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