Uma pesquisa australiana mostrou que metade dos participantes que relataram episódios de compulsão alimentar semanais ou duas vezes por semana não apresentaram nenhum sofrimento associado a esse comportamento.
O transtorno de compulsão alimentar, recém-definido no DSM-5, é caracterizado pela necessidade de comer mesmo não estando com fome, ou por continuar comendo já estando satisfeito. Uma enorme quantidade de alimentos é ingerida rapidamente, na maioria das vezes às escondidas, sem a prática de métodos compensatórios, e com consequente aumento de peso. Os episódios não visam apenas saciar uma fome exagerada, mas muitas vezes compensar um estado emocional alterado, causando assim a perda de controle. Os aspectos mais importantes para se identificar o distúrbio são: a ocorrência de compulsões (binge eating), no mínimo, duas vezes por semana durante seis meses. e a sensação de descontrole acompanhada por sentimento de culpa, incapacidade, tristeza, vergonha, desgosto e/ou depressão. A prevalência do transtorno de compulsão alimentar vem aumentando nos últimos anos, assim como as taxas de obesidade.
Um estudo da Universidade de Western Sydney, na Austrália, avaliou, entre 1998 e 2015, cerca de 3.000 pessoas (51% do sexo feminino – idade média entre 44 e 47 anos) para saber se o comer compulsivo é acompanhado ou não de sintomas psicológicos. Ao final, notaram que 57% dos indivíduos que perderam o controle, pelo menos, uma vez por semana e 47% que perderam duas vezes, não relataram nenhum desconforto - repulsa por si mesmo, tristeza ou demasiada culpa após comer excessivamente. Verificou-se que apenas 22% dos que perderam o controle duas vezes por semana relataram “angústia”.
“Ao longo dos 17 anos de estudos, os episódios de falta de controle relacionados ao comportamento alimentar aumentaram seis vezes, enquanto os sentimentos de culpa diminuíram”, concluem os autores.
Referência: Mitchison D et al. How abnormal is binge eating? 18-Year time trends in population prevalence and burden. Acta Psychiatr Scand 2017 Apr 16.
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