Por Prof. Dr. Mauro Fisberg para o Jornal Extra
12/03/2017
Desde os 2 anos, Murilo Lobato toma suplementos alimentares. O menino, que hoje tem 4, é autista e seu organismo não absorve totalmente os nutrientes de sua dieta. Já a estudante Giovana Vilela, de 15, teve que reforçar a vitamina B12 por não tê-la presente em sua alimentação — pobre em proteína animal.
Os motivos podem ser diversos, mas quando faltam vitaminas e nutrientes no corpo, um reforço externo é necessário. Com orientação médica e nutricional, o uso de suplementos ajuda a não comprometer o crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes.
Mas especialistas lembram: esses produtos não substituem a alimentação, que deve ser priorizada, quando possível, como fonte de benefícios.
— Os suplementos nutricionais são elementos proteicos, energéticos, que têm condição de manter ou recuperar o estado nutricional. Acrescidos de vitaminas e minerais, são indicados para a criança que não come bem, para ganhar peso, para a recuperação das que tiveram uma doença e deixaram de comer por algum tempo — diz Mauro Fisberg, do Departamento Científico de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.
O especialista em medicina do esporte Hélio Ventura afirma que, normalmente, os suplementos são à base de substâncias extraídas de alimentos, que nosso corpo conhece e produz, como a arginina, que estimula o hormônio do crescimento. O uso a mais destas substâncias, ele explica, seria para otimizar uma etapa do metabolismo.
— A falta de ferro, vitaminas B12 e ácido fólico pode causar anemia, dificuldade de aprendizado. A carência de vitamina D, problemas ósseos e dentários. As deficiências têm que ser avaliadas por equipe médica e exames laboratoriais. Se não resolver, a criança pode pagar alto preço no crescimento — observa Ventura.
Os pais devem estar atentos a alguns sinais para identificar o problema, como alteração de sono e de humor e infecções frequentes.
Quando os alimentos não são suficientes
Por uma série de condições provenientes do autismo, como inflamações no trato intestinal, o uso de suplementos é a única saída para o equilíbrio nutricional de Murilo.
— Os tratamentos se complementam. Com suplementos, melhorou a parte respiratória, fortaleceu o organismo — diz a mãe, Claudia Lobato.
O pediatra Fisberg lembra que, na ausência de uma patologia, o ideal é buscar nutrientes na alimentação.
— Mas a criança pode simplesmente não comer e o suplemento age como apoio até o reequilíbrio nutricional, mas não de cura — conclui.
‘Exame de sangue deu falta de vitamina B12’
Giovanna Vilela, de 15 anos, conta que nunca tinha percebido nenhum sinal da carência de vitaminas. Mas um exame de sangue de rotina deu o alerta.
— Apareceu que eu estava com falta de vitamina B12. Falei com meu pediatra que me receitou. Ela é líquida e tomo duas gotas por dia. Agora, faço exames sempre. Sou chata para comer e nunca fui de comer carne. Não tenho o hábito desde nova e, depois que fiquei mais velha, quis continuar a não comer pelo impacto na natureza e pelos animais — diz a estudante.
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